"É verdade que a liberdade é preciosa. Tão preciosa que deve ser cuidadosamente racionada."
Acho que está poucas palavras ja dizem tudo!!!
Como ser livres...
Alguns poderiam dizer que é a possibilidade de fazer o que bem entender, de se vestir ou de falar de qualquer maneira e o que quiser. Infelizmente, tal interpretação é tão singela e limitada quanto o sentimento egocêntrico que está por trás dela.
Outros podem pensar que liberdade é coisa de rico, pois com o dinheiro que possuem podem ir a qualquer lugar e a qualquer hora, realizando todas suas vontades e gostos imediatos. Entretanto, esta visão materialista cai totalmente por terra ao percebermos nossa realidade.
Diriam então alguns, liberdade é o direito que tenho de agir ao meu modo, sem dar satisfações a ninguém. Pobres infelizes, ainda não se aperceberam do infinito da Criação Divina e das relações de interdependência que existem, desde entre os mais remotos corpos celestes até a nossa vizinhança próxima, quer eles queiram ou não.
A palavra liberdade expressa um sentimento interior, uma vontade, algo instintivo, que nos permite escolher o nosso destino. Está, portanto, associada diretamente ao conceito de livre-arbítrio, esta possibilidade de decidir e agir, um dos parâmetros que nos diferenciam dos animais, pois nestes últimos, o instinto os impulsiona.
Somos livres para pensar, sonhar refletir e agir, sem, entretanto, estarmos imunes às conseqüências de nossos atos. Como bem se sabe, a semeadura é livre, mas a colheita é inevitável.
Portanto, a liberdade tem um preço. Se quisermos nos jogar do alto de um edifício, renunciando à oportunidade da encarnação presente, podemos fazê-lo, mas isto nos custará uma enormidade de dores e sofrimentos, conseqüências diretas dos danos causados aos nossos corpos físico e perispiritual, além do peso da consciência arrependida.
Se quisermos disparar uma arma contra outra pessoa, também podemos. Entretanto, os laços de ódio e vingança formados demorarão décadas, séculos e muitas encarnações para serem superados pelo amor e pelo perdão.
A liberdade está associada à consciência e à razão. Estas servem de base para a análise e a tomada de decisão de como e quando agir.
Ocorre que é na sociedade, onde convivemos com uma grande diversidade de pessoas, que as liberdades individuais entram em choque, onde o egoísmo, o orgulho e a vaidade, ainda existentes na personalidade humana, mostram sua força.
Não é difícil perceber o quanto é difícil viver nos dias atuais. Com a esfarrapada e mal empregada desculpa de que somos todos filhos de Deus e que, como tais, temos o direito de ser felizes, vivemos hoje num mundo de desrespeito ao próximo e de desprezo pela liberdade de nosso irmão.
Cabe lembrar, que somos também vítimas de nós mesmos e das opções que fazemos. Ao absorvermos os conceitos e valores consumistas e materialistas vigentes, nos algemamos aos nossos próprios bens.
Conseqüência direta ainda do pensamento individualista, de cada um por si e Deus por todos, a violência dos dias atuais nos aprisiona nas celas de nossas próprias casas, repletas de grades por todos os lados. São tantas trancas, cadeados, cercas, muros e câmeras, que parece até que nós somos os condenados, vivendo em verdadeiros presídios de segurança máxima.
Mas se a liberdade é um dom Divino que recebemos do Pai Celestial, por que nos parece que ela desapareceu? Ser-nos-ia possível, criaturas que somos, destruir uma obra do Criador? Obviamente que não.
Talvez o medo seja a resposta. A liberdade não deixou de existir, mas anda sufocada pelo medo. Medo de ser assaltado, medo de ser violentado, medo de morrer... Medo de dar seu primeiro passo para sua felicidade.
Há tanto medo no ar que esquecemos nossa liberdade e nossos valores. Não vivemos realmente, apenas nos escondemos e fugimos. Plagiando uma fala do protagonista do filme "Brave Heart" (Coração Valente), quando está prestes a ser decapitado: "- Todo homem morre, mas poucos vivem plenamente."
Naquele instante, a personagem deixa claro que não tinha medo de desencarnar, mas sim de viver uma vida sem sentido, sem o ideal maior que ele defendia, o qual era justamente a liberdade do povo escocês, até então subjugado pelos Governantes Britânicos.
O grande líder indiano do século XX, Gandhi, foi preso e apanhou inúmeras vezes, mas nunca deixou de ser livre. Abdicou de usar roupas finas e elegantes com tecido inglês, pois entendia que as fábricas inglesas estavam dominando o mercado e acabando com o trabalho artesanal de produção de roupas, então praticado na Índia e, conseqüentemente, gerando miséria no seu povo.
Gandhi também decidiu, livremente, não cumprir as leis inglesas por considerá-las injustas e lesivas à população indiana. Com isto, criou o Movimento da Não-Cooperação Não-Violenta, mostrando ao mundo inteiro como agir, ao invés de reagir. Era um homem livre e, portanto, não tinha medo de perder coisa alguma, pois o que possuía de mais valioso era a sua integridade, o seu caráter. Era um homem tão equilibrado e tão consciente de sua liberdade que não tinha medo.
Outro grande exemplo de homem livre foi Francisco de Assis. O então jovem italiano largou seus bens e posição social para viver junto aos mais necessitados, não importando se alguns o consideravam um mendigo. Agia conforme sua consciência e seus valores ditavam. Não temia coisa alguma, pois estava completo em si mesmo, sendo, portanto, impossível de ser lesado.
Também o Capitão Maurício e sua Coorte exerceram plenamente a liberdade de pensamento e de ação. Optaram por não renunciar à sua fé, recusando-se a cultuarem os deuses romanos, conforme imposição de seu comandante, Maximiniano. Pagaram com seus corpos (e não com suas vidas, pois que o espírito é imortal) o preço da liberdade.
Não se pode esquecer o maior e mais perfeito exemplo de conduta que já foi dado neste planeta. Seu autor foi nada menos que Jesus Cristo... Despojado de bens materiais, pregou, formou apóstolos, combateu a hipocrisia da liderança religiosa daquela época e ajudou a centenas de irmãos e irmãs. Nem mesmo o risco da prisão e da crucificação o fizeram recuar. O filho de Deus foi o espírito mais evoluído que encarnou neste mundo. Tinha pleno conhecimento das leis da Física e das Ciências em geral. Poderia ter sido rei ou o que mais desejasse, mas optou livremente por nos dar o mais belo exemplo de humildade e simplicidade. Ele foi e é plenamente livre.
Diante de tão nobres exemplos, quem somos nós, diriam alguns. Certamente ainda estamos longe da perfeição, mas se ficarmos parados continuaremos distantes dela.
Há, entretanto, algo que todos nós podemos realizar, a nossa transformação interior...
A mudança é difícil e vem de dentro para fora. Necessita de muito esforço e abdicação às coisas e sentimentos considerados tão importantes para nós, hoje. Ela também tem um preço a ser pago. O quanto estamos dispostos a pagar? Que sacrifícios estamos dispostos a fazer? Até onde nossos princípios e valores são importantes? Estes são questionamentos que cada um deve responder para si mesmo.
Agindo, ou deixando de agir, mas conscientemente utilizando nosso livre arbítrio poderemos verdadeiramente perceber o sentido da palavra liberdade e encontrar, mais adiante, a felicidade e a paz que tanto procuramos.
A Todos Um Feliz Dias dos Namorados
