quarta-feira, 13 de agosto de 2008

QUARTO E O MAR

"Esse é apenas um blog recheado de carinho
para suportar as reviravoltas da vida.
Retrato do encontro de dois mundos totalmente opostos.
Eclipses da vida. Ou se preferir simplesmente a história
de um grande amor.
Um presente simples, para alguém tão especial na minha vida."


Estou aqui sentado no meu quarto como tantos outros que existem em tantas casas, cidades, países, com uma cama , um guarda roupa, uma cômoda e tantas outras coisas... mas é o meu refugio e por isso é diferente de todos!

Ele é só meu, ele já partilhou comigo vários momentos. Estas paredes são diferentes de todas as outras da casa, já me viram chorar, doente, desanimado, pensativo, nu, vestido para viver momentos de prazer e de dor.

Às vezes deito-me cansado, triste, revoltado comigo com o mundo e com a vida! E desabafo nele as minhas mágoas e toda tristeza que trago comigo.

Na cômoda pequena do lado da cama amontoam-se vários objetos que me fazem pensar, sonhar ou viajar num mundo que não é meu! Muitas vezes me sinto personagem de uma história que não me pertence, no chão folhas de papeis rabiscadas que me fazem refletir, em cima da mesa pequena o despertador que não uso porque substitui pelo celular e o leitor de CD portátil para me embalar por melodias em sonhos bons ou tristeza. Me fazendo recordar sonhos e a minha história de amor!

É o lugar perfeito para pensar, em tudo e sobre tudo. Deito-me na minha cama e tudo parece diferente, nas noites em que as horas parecem nunca mais passar... a minha cama não reclama das voltas e revoltas que dou, os cobertores são tratados como intrusos!! Ela já me sentiu viajar, o coração a palpitar, voar, gritar..chorar mas sem nunca sair do lugar! E sempre soube ouvir os meus gritos de socorro!

Este é o meu porto seguro, um amigo, quase a minha segunda consciência. Se as paredes falassem podiam contar quase toda a minha história porque já vivi bons e maus momentos de uma vida sozinho!

Ao falar do meu quarto sinto-me um jovem adolescente, porque eles normalmente gostam tanto do quarto, que se refugiam lá, colocam autocolantes na porta... Não incomodar... Proibido à entrada de estranhos, arrumam e desarrumam e quando não querem ver ninguém fecham-se com a musica bem alta. Um dia um quarto de uma casa qualquer impedira a minha entrada, como eu fazia aos meus irmãos e amigos!

Hoje meu tem sempre a porta bem aberta, mas os segredos ficam gravados em cada canto e mesmo sem fechar a porta eles não voam embora.... Ficam ali quietos.... Parados!

O quarto é o lugar mais íntimo de uma casa ele nos conhece por dentro e por fora. E só ele sabe todos os nossos segredos, os nossos jardins, coisas que guardamos no mais intimo de nós! E eu como todos também tenho os meus segredos, por mais que falemos de nós há uma parte que apenas habita no nosso ser, no nosso pensamento e que em nenhuma chave consegue abrir! Mesmo aqueles que têm a chave do nosso coração e entram dentro dele com facilidade! São tantas as pessoas que temos dentro do nosso coração embora com sentimentos é bem diferentes!

Não podemos mudar a direção dos ventos, mas podemos ajustar as velas!

Chega de falar do meu quarto !!!

Hoje acordei um pouco melancólico... Triste!
Nem na praia me sentir bem e eu e o mar sempre tivemos uma relação de proximidade e respeito. Sempre vivi a poucos metros dele, sempre senti o seu cheio e aprendi a conhecê-lo.

Desde muito novo que mal os primeiros raios de Sol aqueciam no horizonte eu partia de mochila na costas, de bicicleta, ao seu encontro! Não me importava se as águas estavam frias, gostava de o desafiar mergulhando nas suas ondas, correndo como uma criança atrás de uma bola, para não deixar fugir a melhor!

Hoje já não tenho a coragem de outros tempos, mas continuo a apreciá-lo, a procurá-lo nas horas de maiores incertezas e mais tristes de minha vida... Falo com ele em silêncio, aprecio o seu estado, ora revolto ora calmo. Olho para o infinito tentando adivinhar aonde aquele mar me levaria se pudesse caminhando sobre ele, sem destino, como um barquinho, balanceando-me nas suas ondas.

Houve momentos em que deu vontade de partir e não voltar, por não ter ninguém à minha espera em nenhum cais! O que não posso dizer hoje pois sei que você me espera!

A vida é um pouco como o mar, umas vezes calma e serena outras agitada e enfurecida. Tentamos mesmo em barquinhos frágeis fazer-lhe frente! Partimos sem grande segurança mas sempre ajustando as velas para conseguirmos vencer as ondas das incertezas e dos medos.

Enquanto lutamos para não naufragar passam ao nosso lado de belos barcos que perguntam se precisamos de alguma coisa, mas seguem o seu caminho, indiferentes às nossas dificuldades neste imenso mar que é a vida! Não têm tempo para ficar e nós continuamos a nossa luta tentando chegar a um porto seguro. Talvez até consigamos atingir uma pequena ilha para lá descansarmos da fadiga que é existir!

Mas tu, mar, és traiçoeiro!
Quantas vidas ja levasti?
Quantos barquinhos frágeis já derrubaste?
Tu podes ser o mais terno dos amigos, mas de repente transformas-te no mais feroz de todos os seres. Só que és algo a que não se resiste pela tua beleza e pelos segredos que escondes!

Neste sabado, fui mergulhar nas tuas águas estavas calmo quase sem ondas batias na areia com suavidade, a tua espuma branca parecia bolas de algodão. Mas eu gosto de te ver agitado, transmites-me coragem para seguir o meu viver, neste meu frágil barquinho, apesar da minha pequenez, alguém reparar nos pequeninos barcos que circulam na estrada da vida!

Viver longe de ti era como se um bocado de mim se fosse, sinto a tua falta como se de alguém querido se tratasse, mas já não me aventuro como noutros tempos, porque em terra tenho uma marinheira que me faz pensar duas vezes.

Um dia quando os meus olhos se fecharem para sempre, em ti quero repousar; não gostaria de ficar fechado num buraco sem ar, queria que as minhas cinzas fossem atiradas na tua imensidão. Não queria ser mais lembrado, queria descansar nas tuas ondas que outrora venci, nas tuas águas que tanto apreciei e assim descobrir mais os teus segredos! Porque os meus tu já sabes, é a ti que recorro quando preciso de tomar uma decisão ou sinto-me sem forças para ajustar as velas. Descanso sentado na areia! Olho o infinito e adivinho cada resposta pela forma como bates na areia, sinto-te sussurrar-me as respostas que preciso ouvir. Depois levanto-me, sigo o meu caminho e tu ficas indiferente ao meu sofrimento, continuando a enrolar ondas que se desfazem ao chegar a terra.

Tu és um pouco de mim. Só espero que quando já não for eu a tomar as minhas decisões, ou quem estiver perto de mim respeitem esta minha vontade de esta com você para sempre meu amigo!

Más enquanto vida eu tiver, você é o caminho para minha felicidade.

A todos uma linda semana!

Música: Alexandre Pires / É Por Amor
Do site Momentos Midi